quarta-feira, 21 de janeiro de 2009

Coração a planar




Agora já não vejo o sol
nem seu reflexo lunar

levo as asas nos bolsos
e o coração a planar

neste voo nocturno
não sei onde vou aterrar

sinto as nuvens nos meus pulsos
e o leme sempre a consentir

são sempre os mesmos ossos que eu insisto em partir
neste vôo nocturno só quero mesmo resistir

neste vôo nocturno sou mais leve do que o ar
neste vôo nocturno não sei onde vou acordar

em baixo há manchas no canal
mas eu não as quero ver

poeira ou plano está frio
e as helices a ferver

o nariz do avião
só obedece a quem quiser

agora não existe nada
o meu motor ou ralentim

vou revendo em encurdina
tudo o que eu vivi

neste voo nocturno
a madrugada veem ai

neste voo nocturno sou mais leve do que o ar
neste voo nocturno não sei onde vou acordar

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